terça-feira, 4 de maio de 2010

TROPAS DOS EUA: AÇÃO SEM FRONTEIRAS - 9º Ano

A presença de tropas dos EUA em países como Haiti, Afeganistão e Iraque não são novidades no cenário internacional. As ações militares do país no exterior começaram no século XIX e já ultrapassam a marca de 100. Inicialmente restritas às Américas e ao oceano Pacífico, ampliaram-se após a II Guerra e se aceleraram após a queda do Muro de Berlim (1989) e, ainda mais, com a chamada Guerra ao Terrorismo, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
As raízes históricas dessa política externa estão no século XVIII. Em 1776, a então colônia britânica se declarou independente e foi à guerra contra a Inglaterra, que derrotada, reconheceu a independência em 1783. A Constituição norte-americana entrou em vigor em 1789. Nas décadas seguintes, duas prioridades foram definidas para a nação: desenvolvimento econômico e expansão territorial.
Inicialmente, os EUA eram formados pelas 13 colônias da costa leste, povoadas e organizadas. Com a conquista dos imensos e distantes territórios do Oeste (o “Far West”), entre 1778 e 1848, formou-se uma nação de proporções continentais.
Para se fortalecerem contra ingerência européia, os EUA passaram a anexar novos territórios. Em 1803 compraram da França a Louisiana. Em 1819, a Flórida foi adquirida da Espanha.
Novo e vitorioso conflito contra a Inglaterra, entre 1812 e 1814, gerou o sentimento de que os EUA tinham uma “predestinação”. Criou-se o mito de que o Estado norte-americano se formou com a ação de homens excepcionais (os “founding fathers”, ou “pais fundadores”) predestinados a erguer uma sociedade sem igual no mundo, colonizado e civilizando novos territórios.
Essa concepção, conhecida como “Destino Manifesto”, preconizava a tomada de toda a América do Norte. No século XIX, 4,5 milhões de pioneiros cruzaram a região dos Apalaches, povoando grandes espaços do Oeste. Entre 1846 e 1848 ocorreu a guerra contra o México, com a tomada do Texas e dos territórios da atual Califórnia, Novo México, Arizona e porções de Oklahoma, Colorado, Idaho e Utah. Na Califórnia foi descoberta jazidas de ouro, o que iniciou, em 1848, uma gigantesca corrida à região. Aventureiros povoaram vastas porções de terras indígenas, e os EUA estenderam suas fronteiras à costa do Pacífico à costa do Pacífico. Em 1867, a expansão chegou ao Alasca, comprado da Rússia.

Doutrina Monroe

Na década de 1820, o presidente James Monroe criou a Doutrina Monroe, cuja máxima era “a América para os americanos”. Os EUA não interviriam nos negócios europeus, mas não admitiriam interferências no continente norte-americano. Os EUA se propunham a assumir um papel de liderança sobre toda a América, o que viria a nortear sua futura política externa.
No fim do século XIX, países como Inglaterra, França e Alemanha, entre outros, ainda controlavam amplos territórios em vários continentes. Os EUA emergem, então, como uma nova potência com presença militar no exterior. Em 1898, o Havaí foi anexado, e, na guerra contra a Espanha, foram conquistados territórios no Caribe (Cuba e Porto Rico) e no Pacífico (Filipinas e Guam). Cuba ganhou independência em 1902. Em 1903 forçaram a independência do Panamá diante da Colômbia, para obter a posse da Zona do Canal, que liga o Atlântico ao Pacífico.
O “Big Stick”

O governo de Theodore Roosevelt (1901 – 1909) retomou a Doutrina Monroe, determinando prioridade para os interesses dos EUA na América Latina. Essa política do “Big Stick” (grande porrete) levou às intervenções armadas, no início do século XX, em Cuba, na Nicarágua, no Haiti e na República Dominicana, entre outras.
A entrada dos EUA na I Guerra, em 1917, ao lado do Reino Unido e da França, foi decisiva para a vitória dos Aliados. Na II Guerra, os EUA se envolveram após o ataque japonês à base de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941. Foram determinantes para a vitória aliada em solo europeu e, em 1945, lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, o que marcou o fim da guerra. Tornaram-se a grande potência ocidental, dividindo sua influência no mundo com a União das Républicas Socialistas Soviéticas (URSS). Era o começo da Guerra Fria.
Nesse novo contexto, os EUA enviaram tropas à Coréia do Norte, em 1950, para conter os comunistas. O conflito durou três anos. Em 1961, os EUA entraram no Vietnã, contra os rebeldes comunistas, e daí só se retiraram em 1973. Incentivaram e apoiaram ativamente ditaduras militares na América do Sul nas décadas de 1960 e 1970. Nos anos 1980 fizeram intervenções com tropas ou ataques militares em Granada, na Líbia, no Panamá e no Irã.

Doutrina Bush

A queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS (1991) puseram fim à Guerra Fria. Os EUA tornaram-se a única superpotência do planeta. Em 1991, o presidente norte-americano George Bush (pai doa atual, George W. Bush) organizou uma coalizão militar que expulsou as tropas iraquianas do Kuweit. Desde então, tropas dos EUA realizaram intervenções ou taques em quatro continentes: na África (Somália, em 1992-1994, e Sudão, em 1998), nas Américas (Haiti, em 1994-1995 e em 2004), na Europa (ex-Iugoslávia, em 1999) e na Ásia (Afeganistão, em 1998 e 2001, e Iraque, em 2003). As atuais intervenções dos EUA no Iraque e no Afeganistão se enquadram na Doutrina Bush, pela qual o país se dá ao direito de agir preventivamente contra potenciais adversários, mesmo sem o aval de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

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