sábado, 25 de junho de 2016

União Europeia


A União Europeia é uma união econômica e política de 28 Estados-membros independentes situados principalmente na Europa.


Croácia entrou em 2013

O Euro tem livre circulação em 17 países, esta área é chamada de Zona do Euro e seus membros são: Portugal, Alemanha, Áustria, Chipre, Bélgica, Países Baixos (Holanda), Espanha, Eslováquia, Eslovênia, Grécia, França, Finlândia, Estônia, República da Irlanda, Itália, Luxemburgo e Malta.










*Em 2016, um referendo acirrado no Reino Unido aprovou a saída do país da União Europeia.

Brexit e o nacionalismo

Fonte: GGN

FÁBIO DE OLIVEIRA RIBEIRO                 SAB, 25/06/2016 - 08:30


O nacionalismo é um fenômeno antigo, mas passou por diversas evoluções ao longo da história. No mundo antigo, a nação era a cidade. Os cidadãos de Atenas usavam a mesma língua que os de Esparta, mas uns e outros nunca chegaram a se considerar pertencentes à uma mesma nação grega. Mesmo quando se uniam para combater o inimigo comum persa, atenienses e espartanos continuavam a devotar sua lealdade apenas à suas respectivas cidades. O mesmo fenômeno ocorria na Itália antes de Roma começar a se expandir e a remodelar o cenário cívico.
Durante o Império Romano, o nacionalismo que opunha o romano ao bárbaro era fundamentalmente político. A aquisição da cidadania romana não dependia do nascimento em Roma. De fato, imperadores romanos importantes nasceram na Espanha (Trajano e Adriano), na África Proconsular, atual Líbia, (Sétimo Severo, que nem mesmo tinha antepassados romanos) e na França (Caracala).
O fim do Império Romano produziu intensa desorganização política na Europa. Após um longo período de guerras entre povos bárbaros e povos mais ou menos romanizados começou a surgir um novo tipo de nacionalismo baseado nas etnias que ocupavam extensas áreas territoriais. Em seus estágios iniciais, porém, o nacionalismo étnico (que é muito distinto do nacionalismo político) não tinha as mesmas características que viria a ter nos séculos XIX e no século XX.
As primeiras cogitações científicas que originaram a moderna perversão nacionalista ocorreram na Inglaterra e na França durante o século XIX. As teorias de Thomas Buckle, Luis Agassiz e Arthur Gobineau justificaram a colonização e intensa exploração da África e da Ásia por ingleses e franceses. Nos EUA, o racismo científico foi empregado para consolidar o regime de separação política entre brancos e índios/negros que vigorou com maior ou menor intensidade da Guerra Civil norte-americana até os anos 1960. O “saudável regime” norte-americano influenciou Hitler, que o elogiou muito no seu famigerado livro Mein Kampf.
A Alemanha Nazista não foi, portanto, um fenômeno isolado e sim o aperfeiçoamento pervertido da perversão inventada por Thomas Buckle, Luis Agassiz e Arthur Gobineau. Franceses e ingleses acreditavam que eram superiores aos africanos e asiáticos. Os nazistas acreditaram que os alemães eram superiores aos demais povos europeus. França e Inglaterra usaram violência e crueldade para colonizar e explorar a África e a Ásia. O III Reich resolveu usar brutalidade ainda maior para colonizar e explorar a Europa e a União Soviética. Leopoldo II, Rei da Bélgica, comandou o holocausto no Congo. Hitler o imitou ao produzir o holocausto dos judeus europeus.
O nacionalismo soviético (político) confrontou e derrotou o nacionalismo nazista (racial). Ao fim da II Guerra Mundial, franceses, ingleses e norte-americanos foram obrigados a começar a se desligar das teorias raciais que originaram o nazismo. Os acordos comerciais entre França e Alemanha foram o embrião do Mercado Comum Europeu e da União Europeia. Nos EUA a luta pelos direitos civis dos negros perduraria até os anos 1960. Apesar da eleição e posse de um presidente negro (Barack Obama), em vários Estados dos EUA as comunidades negras reclamam, com razão, das agressões e assassinatos cometidos por policiais brancos e racistas.
A saída do Reino Unido da União Europeia deve ser avaliada com a devida contextualização histórica e julgada com cuidado. A decisão foi apertada e não equivale ao renascimento do nacionalismo imperial e racista que existia no centro do Império Britânico durante o século XIX. Quase metade da população britânica votou em favor da permanência na UE; os racistas extremistas são uma minoria dentro da maioria apertada que deu vitória ao #Brexit. A percepção que parece ter prevalecido é a seguinte: pertencer a UE estava produzindo mais problemas sociais do que benefícios econômicos para os cidadãos do Reino Unido.
“It’s the economy, stupid” dizia Bill Clinton quando era candidato a presidência dos EUA. “It’s the neoliberalism, moron” podemos dizer em relação ao que ocorreu esta semana. O principal conflito que produziu a fragmentação da UE não é entre imigrantes e nacionais/nacionalistas, mas entre o povo do mercado e o povo do Estado. A predominância das finanças e dos financistas sobre a política é um fenômeno terrível, pois acarreta desemprego, reduções de salários e direitos, revogação de benefícios previdenciários, pobreza e fome provocando intensa concentração de renda.
O mercado não tem nação. Aqueles que dele se beneficiam não querem ter quaisquer compromissos nacionais. No neoliberalismo, os vencedores (que são sempre os mesmos) cuidam apenas dos próprios interesses: ganhar sempre mais dinheiro num menor período de tempo pagando menos impostos. As modernas nações políticas (que sucederam as nações raciais) seguem, contudo, sendo as únicas destinatárias do amor e das esperanças daqueles que foram excluídos dos benefícios do crescimento econômico.
Ingleses, franceses, alemães, portugueses, espanhóis, gregos, belgas, norte-americanos, brasileiros etc... querem apenas uma coisa: ter um padrão de vida razoável. Eles não querem uma nova guerra mundial. É a predominância política da lógica do mercado, que pressupõe uma guerra permanente entre ricos e pobres, que pode acarretar a destruição da humanidade. De fato, o povo do mercado não tem e não quer ter compromissos nacionais, ele só acredita no lucro fácil, rápido e sem custo. Homens como George Soros ganham dinheiro destruindo Estados nacionais.
O neoliberalismo fez exatamente isto: ele destruiu os Estados nacionais, provocando a instabilidade social que levou a maioria dos cidadãos do Reino Unido a querer sair da UE. O terremoto europeu - que apenas começou - pode decretar o fim definitivo da era neoliberal. Isto será ruim sim, mas apenas e principalmente para alguns financistas. Os lucros deles serão menores, mas é evidente que eles não irão morrer de fome como as vítimas deles tem morrido, inclusive na Europa.
A falência do nacionalismo político soviético acarretou o renascimento e a explosão belicosa do nacionalismo étnico nos Bálcãs. A balcanização da Europa (temor difundido pelos defensores da UE) é uma falácia. A paz europeia foi construída pela união dos Estados nacionais europeus, mas no princípio esta união era apenas comercial e preservava  o caráter nacional dos seus membros. Foi justamente a união monetária, o crescimento da importância política da UE e a destruição dos Estados nacionais europeus pelo neoliberalismo que deu origem ao conflito entre o povo do mercado e os povos dos Estados europeus. E este conflito - e isto me parece bastante evidente - não tem semelhança alguma com o conflito étnico que já existia entre os povos balcânicos durante o período soviético. O povo do mercado não é uma comunidade étnica e sim uma comunidade de interesses. The concerns of the financiers were harmed, then what? Fuck them!
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"Países fundadores" da UE pressionam britânicos por saída rápida

Fonte: UOL

 (Luxemburgo), (Itália), (Alemanha), (Bélgica), (França) (Holanda) - Europa dos 6
Os países fundadores da União Europeia afirmaram neste sábado (25/06) seu desejo por uma negociação rápida para a saída do Reino Unido, depois de 52% dos britânicos votarem pelo fim da permanência no bloco no plebiscito de quinta-feira.
Em uma reunião de emergência de ministros das Relações Exteriores, realizada em Berlim, o representante alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse que as negociações precisam começar "o mais rápido possível".
A pressão da UE vai contra a agenda britânica: na quinta-feira, o premiê David Cameron, que fez campanha pela permanência no bloco, anunciou que deixará o cargo até outubro e que o processo de saída será conduzido por seu sucessor.
Mesmo lideranças pró-saída, como o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, disseram não haver pressa para as conversas.
No entanto, o ministro francês das Relacões Exteriores, Jean-Marc Ayrault, foi veemente ao afirmar que Londres precisa acionar imediatamente a Cláusula 50 do Tratado de Lisboa, que rege o processo de saída de um país da UE.
"O povo britânico expressou sua vontade (nas urnas). Não queremos brincadeiras", disse Ayrault, ao final da reunião, de que participaram França, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Itália e Holanda, os países signatários do Tratado de Roma, que em 1957 marcou o início do processo de união política e econômica europeia.
Steinmeier disse que a ruptura britânica não pode ser um obstáculo para a estabilidade da UE.
"Estamos aqui para dizer que esse processo precisa começar logo, para que não fiquemos no limbo".
Em entrevista à mídia alemã, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também foi taxativo ao dizer que não espera um "divórcio amigável" com os britânicos.
"Não faz sentido esperar até outubro para negociar os termos de saída, pois os britânicos já decidiram que querem ir embora. De qaulquer maneira, nunca estivemos em um caso de amor profundo", declarou Juncker.
A pressa se justifica principalmente pelo temor em Bruxelas de que o resultado do plebiscito britânico ecoe por ainda mais tempo se o bloco de 28 nações mostrar leniência diante da inédita partida de um integrante.
Em países como a própria França, partidos "eurocéticos" aproveitaram o "não" vindo do outro lado do Canal da Mancha para exigir o mesmo tipo de consulta popular de seus governos.
A UE também promete dureza com Londres para evitar uma situação em que os britânicos consigam uma barganha político-econômica (permanência no mercado comum com maior controle de imigração, por exemplo) que possa despertar a cobiça de outros países-membros.
Na reunião de emergência, em Berlim, os ministros não se pronunciaram sobre outro problema criado pelos britânicos: uma possível nova tentativa de independência por parte da Escócia, em que a votação pró-EU passou de 60%.
Neste sábado, a líder do governo escocês, Nicola Sturgeon, anunciou que o país quer conversas imediatas com Bruxelas para "proteger o lugar da Escócia na UE".
Um dia antes, Sturgeon afirmara ter dado o pontapé inicial em estudos para a realização de um segundo plebiscito de independência escocesa - em 2014, 55% dos escoceses votaram pela permanência no Reino Unido.