sábado, 15 de novembro de 2014

Dilma defende maior cooperação entre o grupo do Brics para superar crise

Da Agência Brasil                               Por Alex Rodrigues

A presidenta Dilma Rousseff defendeu, na noite desta sexta-feira (14), que os países que integram o grupo do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - reforcem a cooperação para superar as atuais dificuldades econômicas mundiais. Durante reunião com os chefes de Estado do Brics, a presidente destacou que o quadro econômico mundial não melhorou conforme o ritmo previsto durante o último encontro do grupo, em Fortaleza (CE).

“Infelizmente, a situação da economia mundial não avançou muito desde julho. Chegamos ao final de 2014 vendo frustradas nossas expectativas iniciais de recuperação da economia mundial”, declarou Dilma. “Os países avançados não conseguiram uma recuperação consistente e o comércio internacional não cresce o suficiente para estimular os países emergentes. Pelo contrário. Estamos assistindo a uma queda do preço das commodities que sinaliza o enfraquecimento da economia internacional e vai comprometer a renda e o crescimento de alguns [países] emergentes”, completou a presidenta.

De acordo com Dilma, a queda no preço das commodities - produtos primários com cotação internacional - reflete “uma reacomodação da economia mundial” às perspectivas de futura alta do dólar americano.

Defendendo a importância dos países avançados recomporem sua demanda interna aos níveis anteriores ao início da atual crise econômica mundial, “em vez de tentarem resolver seus problemas ampliando suas exportações”, a presidenta destacou a importância da aprovação de criação do Banco de Desenvolvimento do Brics e do Acordo Contingente de Reservas. “Fundamentais para potencializar nossa atuação econômica e financeira”, acrescentou.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

1ª Série A, B, C e D - Sobre o conteúdo vegetação de Mangue

http://musica.culturamix.com/estilos/mangue-beat-movimento-musical-de-recife

domingo, 6 de julho de 2014

terça-feira, 1 de julho de 2014

O AR - METEOROLOGIA





(Fonte: Geografia Vestibular 2015)

domingo, 11 de maio de 2014

Economia da China pode já ser maior do que a dos EUA

RIO - A economia da China só deveria ultrapassar a dos EUA na próxima década ou perto disso, certo? Só que isso já pode ter acontecido. O Programa de Comparação Internacional (ICP, na sigla em inglês), do Banco Mundial, que mede o Produto Interno Bruto (PIB) com base na Paridade do Poder de Compra (PPP) como forma de medir a produção real, anunciou ontem o resultado das análises referentes a dados de 2011 e descobriu que a economia da China, há três anos, já correspondia a 87% da americana. Como, desde 2011, o país asiático cresceu bem mais rápido do que o norte-americano, é provável que sua economia se torne a maior do mundo ainda este ano. Isso se já não tiver se já não tiver se tornado.
Em 2005, a economia da China correspondia a 43% da dos EUA. Em 2011, de acordo com os dados divulgados ontem pelo ICP, já era equivalente a 87% da americana. Com o FMI esperando um crescimento de 24% da China entre 2011 e 2014, frente a 7,6% dos EUA no mesmo período, os chineses devem superar os americanos ainda este ano. A Índia, por outra parte, aparece como a terceira economia mundial — passando a corresponder a 37% da economia dos EUA frente aos 19% de 2005 —, à frente de Japão, Alemanha e Rússia. O Brasil aparece na sétima posição, à frente de França, Reino Unido e Indonésia, que fecha a lista das dez maiores economias mundiais.
Em 2011, a economia mundial produziu bens e serviços, na medição com base em PPP, de mais de US$ 90,647 trilhões frente aos US$ 70,294 trilhões do PIB medido com base na taxa de câmbio. Metade dessa produção teve origem em países de média ou baixa renda, segundo o ICP, cuja a análise dos dados de 2011 avaliou 199 países.
Seis das 12 maiores economias do mundo estão na categoria de renda média. Juntos, esses 12 países respondem por dois terços da economia mundial e 59% da população. As seis maiores economias de renda média — China, Índia, Brasil, Indonésia e México — respondem por 32,6% do PIB mundial, enquanto as seis maiores economias de alta renda — EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália - têm uma fatia de 32,9%
A metodologia estatística não muda nada na prática. A única diferença é em termos de percepção. Os EUA não serão mais fracos porque o Banco Mundial atualizou os dados de paridade de poder de compra. E esses novos números, não serão uma verdade indiscutível. De qualquer forma, a mudança no ranking de maiores economias era uma questão de tempo. E, no ritmo atual, a Índia também vai passar os EUA. Os novos dados levam a economia indiana da 10ª para a 3ª posição no ranking global. China e Índia são economias de crescimento rápido e têm populações gigantescas. Demografia e crescimento rápido, cedo ou tarde, ordenam a produção.
Os novos números não significam que a China agora é rica. Seus padrões de vida estão muitas décadas atrás do que é experimentado pelos EUA - e quanto mais os dois países se aproximam, mais difícil é para os chineses manter o rápido crescimento. Enquanto a produção em termos agregados em vez de por renda per capita é a principal elemento de força militar e poder geopolítico, a supremacia tecnológica conta muito também, e nesses pontos, os EUA estão muito à frente.
A História, no entanto, vai considerar a superação dos EUA pela China como um marco. O mapa da economia global está mudando mais rapidamente do que se imaginava. Com isso, a dominação americana do mundo pode terminar antes do esperado. A necessidade de cooperação global em breve não será uma escolha ou algo que os EUA digam para animar seus amigos, mas um fato.
O quanto antes EUA e Europa, cujo peso está diminuindo ainda mais rapidamente, se conformarem com essa ideia, melhor. Um pequeno e rápido passo para iniciar isso são as reformas em instituições econômicas e políticas globais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, já que o novo mapa da produção mundial torna essa presunção de autoridade americana-europeia insuportável.
Os chineses poderão ver os novos valores como prelúdio de um retorno à normalidade: sua economia era a maior do mundo até 1890, quando os EUA superaram isso. Para os americanos e seus amigos na Europa, os novos rankings são um momento de reflexão. A preeminência econômica do Ocidente por um século, e os hábitos de pensamento e ação que surgiram daí, já não podem ser considerados como garantidos.
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sábado, 1 de março de 2014

Questionamentos sobre a mídia e os indígenas na Bahia


Sugerido por Valério
A band nem sempre é tratada aqui no blog do Nassif. Fala-se sempre do conservadorismo da globo, dos editoriais do SBT. Casé Angatu mostra a verdadeira cara da band.
do Blog do Gusmão

Da direita para a esquerda os Índios: Caboclinho, Marcionillo, Marcellino, Pedro Pinto; e Marcos Leite.
Reflexões sobre a tendenciosa matéria do Jornal da Band – Bandeirantes até no nome. 
Por Casé Angatu
A primeira consideração é que não vemos nenhum mal um veículo de comunicação assumir posição. Digo isto porque todo ponto de vista é um olhar parcial. Ou em outras palavras, a imparcialidade é uma impossibilidade humana. Mesmo a lei e a justiça tem sua parcialidade.
Isto é, a lei é feita por homens para atender determinados interesses. Por exemplo, a defesa quase absoluta da grande propriedade privada rural neste país. O problema é que o Jornal da Band, bem como quase todos os veículos de comunicação, não assumi junto ao público sua parcialidade, como fazemos em nossos espaços na rede social virtual.
Um bom exemplo é este nosso perfil que defende abertamente: a Demarcação Já do Território Tupinambá de Olivença (Ilhéus/Bahia) por sermos indígenas e acreditarmos na ancestralidade do Povo que reivindica seus direitos originários. A Band, cujo nome inteiro diz muito sobre os que a constituem (Grupo Bandeirantes), tenta demonstrar que é imparcial em suas matérias e pontos de vista. Porém, neste caso particular em sua matéria jornalística joga a opinião pública contra o Povo Tupinambá e o processo de Demarcação de seu Território. O problema é que a mesma não assumiu sua parcialidade como fazemos neste espaço.
Esta é impressão que fica explicita na nossa leitura também parcial da matéria denominada: “BA: pessoas são coagidas a fazer cadastro na FUNAI”. Todo ponto de vista é uma semiologia ou semiótica sobre a realidade que se deseja retratar, como analisam Charles Peirce, Jacques Lacan, Slavoj Žižek, Noam Chomsky, Saussure, Michel Foucault, Darton, entre outros pensadores cuja linhas deste texto seriam poucas para denominá-los.  Aliás, uma discussão que já não é nova como alguns podem pensar. A semioticidade e/ou relatividade do olhar humano e de sua capacidade analítica já encontra respaldo nos filósofos pré-socráticos, isto sem considerarmos toda tradição filosófica e de sabedoria dos Povos Originários, Africanos e Asiáticos. Diziam meus ancestrais: “quem conta um conto aumenta um ponto”.
Porém, os autores da matéria do Jornal da Band e os proprietários daquele veículo devem ter fugidos das aulas de semiótica/semiologia, filosofia, história e antropologia. Ou talvez, buscam mesmo camuflar os interesses a que servem. Observem que não estou afirmando e sim ponderando, algo que a matéria do referido jornal não faz. Segundo o pensador francês Michel Foucault, oferecer conceitos, classificar e apresentar versões sobre as coisas e os homens é uma forma de exercer poder. Todos nós fazemos isto, consciente ou inconscientemente, de acordo com interesses individuais e coletivos.
Então pergunto: porque não assumir nossas imparcialidades? Porque levarmos aos nossos leitores e/ou ouvintes uma visão parcial como a única possível? O historiador Robert Darton contribui com esta percepção ao analisar que “a classificação é, portanto, um exercício de poder” (DARTON, Robert. O grande massacre de gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986, p. 249).O tempo todo a referida matéria denomina, adjetiva, classifica e generaliza a partir de uma única versão: a daqueles que são contrários à Demarcação do Território Tupinambá de Olivença. Vejamos alguns trechos e nossas reflexões sobre os mesmos. Reafirmamos que são nossas e não as únicas possíveis; até porque não somos bandeirantes:– Jornal da Band: “pessoas são coagidas a fazer cadastro na Funai”.
Perguntamos: o Jornal da Band ouviu todas as pessoas que se cadastraram? Que pessoas são estas? Mesmo existindo: formam a maioria?– Jornal da Band: “Moradores eram recrutados para se inscreverem como se fossem índios para engrossar invasões de terra no sul da Bahia” e/ou “Centenas de moradores são coagidos a fazer cadastro na Funai (Fundação Nacional de Índios) como se fossem índios para engrossar invasões de terra no sul da Bahia.” 
Questionamos: o Jornal da Band ouviu todos os moradores de Olivença cadastrados? Quais são estes moradores coagidos ao cadastramento? Mesmo existindo: formam a maioria? Os jornalistas contaram quantos eram para chegarem ao dado de centenas?– Jornal da Band: “A área pretendida pela Funai fica numa região conhecida como Costa do Cacau e do Dendê. São terras ocupadas tradicionalmente há séculos por mestiços, descendentes de índios, brancos e negros que povoaram o Brasil desde os tempos do descobrimento.” 
Analisamos: Será que os responsáveis pelo Jornal da Band leram a Constituição Brasileira e/ou ouviram falar da “Convenção n° 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT – Sobre Povos Indígenas e Tribais 07/06/1989”? Vale frisar que o Brasil é consignatário desta Convenção. Porém, caso os responsáveis pelo Jornal da Band não ouviram falar da mesma e/ou faltaram às aulas de antropologia e história irei ajudá-los. O texto da Convenção 169, entre outras dimensões, diz o seguinte: “A auto identificação como indígena ou tribal deverá ser considerada um critério fundamental para a definição dos grupos aos quais se aplicam as disposições da presente Convenção.” – Jornal da Band: “(…) mais de 100 propriedades já foram invadidas por grupos armados liderados por caciques que se dizem índios Tupinambá”; “Para aumentar o exército de invasores, os caciques fora da lei forjam cadastros de não índios.” 
Discutimos: Nestas duas frases o Jornal da Band abusa então das classificações: “propriedades invadidas”; “caciques que se dizem índios Tupinambá”; “exército de invasores”; “cadastro de não índios”. Percebe-se que em nenhum momento existe a perspectiva de uma análise sobre estas denominações ou sua contextualização. Caso os jornalista do Jornal da Band morassem em Olivença e região iriam perceber (se é que não perceberam) que as mesmas são usualmente aplicadas pelos ruralistas e os contrários à demarcação. Talvez a leitura do Relatório Demarcatório da FUNAI de 2009 seria uma ótima indicação para os atores da matéria. Porém, pensamos que não adiantaria porque o filtro ideológico do jornal é claramente contra a Demarcação Territorial e para isto precisa desqualificar os indígenas Tupinambá. – Jornal da Band: “(…) mais de 100 propriedades já foram invadidas por grupos armados liderados por caciques”; “Os conflitos aumentaram desde que uma base da Polícia Federal foi atacada no início do ano. Os índios são apontados como autores dos disparos. No início do mês, um agricultor foi morto a tiros e teve a orelha cortada. Quatro suspeitos são procurados, mas até agora ninguém foi preso.” 
Pensamos: Por fim, a matéria criminaliza o Povo Tupinambá sem provas, reproduzindo as versões que estão presentes em parte da mídia local e criminal, bem como nas falas dos proprietários. Ou seja, o Jornal da Band faz acusações graves sem demonstrar provas. Perguntamos: quais as provas para estas acusações? Os caso citados foram apurados? Isto é legal?
 Reparem também que em nenhum momento a matéria cita: os quatro indígenas mortos somente neste ano (2014); os carros incendiados; as ameaças contra a comunidade indígena que até suspenderam as aula na Escola Indígena Tupinambá; as “reintegrações” de posse violentas; os quebra-quebras promovidos pelos ruralistas em Buerarema. Perguntamos mais uma vez: será que a forma como o texto do Jornal da Band foi realizado não é uma contribuição à criminalização que vivem os Tupinambá em Olivença? Caso sim, novamente indagamos: porque então não assumem sua parcialidade? Respondemos: sempre a partir de nossa ótica, para ajudar na (des)informação da opinião pública. Lembrei então de algo semelhante também descrevendo os Tupinambá: “(…) são os mais cruéis e desumanos de todos os povos americanos, não passando de uma canalha (…) Os mais dignos dentre eles não são merecedores de nenhuma confiança”. OBS: este trecho não feito escrito pelo Jornal da Band, apesar das semelhanças. Estes trechos foram escrito por André Thévet, frade fransciscano francês, que esteve no Brasil entre 1555-1556. Portanto, os Tupinambá de Olivença vivenciaram e ainda vivenciam um histórico processo de criminalização e perseguições que os fizeram, por vezes, calarem-se.
Quando assumiam-se como Índios e seus direitos foram brutalmente perseguidos como foi a história do Índio Caboclo Marcelino – preso por duas vezes entre as décadas de 1930-1940. Porém, os Índios de Olivença nunca deixaram de ser Índios e reivindicam seus direitos originários ao Território Ancestral.O que sabemos, como o próprio texto do Jornal da Band em suas entrelinhas admite, é que as terras de Olivença são “ocupadas tradicionalmente há séculos” por seus habitantes. Muitos moradores que, em grande parte, foram coagidas a se calarem em sua ancestralidade indígenas através da histórica violência.
Por isto ponderamos: não façam como os responsáveis pela matéria do Jornal da Band, leiam o Relatório de Demarcação da FUNAI de 2009; a Convenção 169 da OIT; os artigos da Constituição Brasileira a relativos aos Povos Indígenas; procurem a literatura antropológica e histórica sobre Povos Originários; leiam o Livro de Susana de Matos Veiga – “Terra Calada: os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia”; o livro “Índios na Visão dos Índios – Memória”; entre outros estudos valiosos, comprometidos e sérios sobre Olivença e o Povo Tupinambá de Olivença.Pensamos: o que incomoda o Jornal da Band e os contrários à Demarcação não é o reconhecimento étnico dos moradores de Olivença como Tupinambá, mas sim o direito ao Território Ancestral.
Deste modo, seria bom que o referido Jornal assumisse sua parcialidade e posturas para que seus leitores não leiam suas matérias como “retrato fiel da realidade”. Ou seja, deixo uma sugestão: Jornal da Band faça como nós em nossos espaços da rede sócia, assumindo posições e concepções. Afinal, não é por acaso que a emissora carrega em sua denominação o nome Bandeirantes. Será que como os bandeirantes dos anos de colonização primeiro é necessário criminalizar e demonizar os Povos Originários para depois justificar o massacre e a invasão de suas terras? Será que a Bandeirantes segue a trilha dos bandeirantes que na falta de esmeralda caçavam os Índios?
Para finalizarmos, apesar da história nunca ter fim, deixamos uma foto do Gwarini Atã Índio Caboclo Marcelino que também foi criminalizado e preso entre as décadas de 1930-1940. O Jornal o Estado da Bahia de 06/11/1936 colocava como destaque: “Era uma vez Caboclo Marcellino”. Porém, seu espírito guerreiro permanece presente. Na foto [acima], tirada quando ele foi preso, aparecem da direita para a esquerda os Índios: Caboclinho, Marcionillo, Marcellino, Pedro Pinto; e Marcos Leite.
Assim como ele e seus Parentes resistiremos e cantaremos: “quebra cabaça, 
espalha semente… 
cai a língua 
de quem fala 
mal da gente”… Awerê!


OBS: a referida matéria do Jornal da Band encontra-se no endereço: Notícias Band.

(Jornal GNN)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

IBGE: negros ganharam 57% do salário dos brancos em 2013


Enviado por rogeriobeier
Do blog Hum Historiador
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta última quinta-feira (30) o resultado de sua pesquisa de emprego. Um dos resultados apontados pela pesquisa revela que trabalhadores de cor preta ou parta ganharam, em média, muito menos do que os indivíduos de cor branca no Brasil em 2013.
Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. Em termos numéricos, estamos falando de uma média salarial de R$ 1.374,79 para os trabalhadores negros, enquanto a média dos trabalhadores brancos ganham R$ 2.396,74.
Embora essa desigualdade tenha diminuído nos últimos dez anos, ela continua bastante alta. Segundo dados retrospectivos do IBGE, desde 2003 os salários pagos a indivíduos de cor preta ou parda aumentaram, em média, 51,4%, enquanto o dos brancos aumentou uma média de 27,8%. Essa diferença observada nos últimos dez anos, fez com que a desigualdade de rendimentos médios recebidos por trabalhadores pretos e pardos em comparação com os mesmos rendimentos recebidos por trabalhadores brancos diminuísse apenas três pontos percentuais, saindo de 48,4%, em 2003, para os atuais 51,4% (ver pgs. 278-280 da pesquisa). Abaixo, disponibiliza a tabela retrospectiva dos valores médios reais recebidos por trabalhadores segundo a cor ou raça por regiões metropolitanas entre os anos de 2003 a 2013.
Tabela IBGE PME2013_rendimento medio negros e brancos
Tais indicativos são bastante eloquentes e mostram como a sociedade brasileira permanece clivada pelo preconceito e pelo racismo. Não parece exagero pensar que, para que ocorra uma mudança efetiva nessa situação, serão necessários décadas (talvez até um século), até que finalmente negros e brancos se equiparem salarialmente. Seguramente, o acréscimo desses três pontos percentuais na última década está relacionado com a política de transferência de renda e, também, a de valorização do salário mínimo implementada pelo governo Lula/Dilma na última década. Como se sabe, ações que não visam diretamente o aumento dos rendimentos de grupos de indivíduos de uma raça ou cor específica, mas que acabaram por atingir todas as pessoas que vivem com baixos rendimentos (um a três salários mínimos). Sendo os pretos e pardos maioria segundo esse critério, explica-se, em parte, essa pequena redução na desigualdade salarial entre brancos e negros. Contudo eu me pergunto: sem recorrer a ações afirmativas, será possível diminuir ainda mais essa enorme desigualdade em curto espaço de tempo? Quantas décadas mais de continuidade nas políticas de valorização de salário mínimo e transferência de renda seriam necessárias até que os salários de brancos e negros se equiparem? Ainda assim, é possível vislumbrar essa continuidade para as próximas décadas, imaginando as trocas de governo que deverão ocorrer?
AÇÕES AFIRMATIVAS
É justamente aqui que entra a efetividade de ações afirmativas como a instituição de cotas. É bastante provável que na próxima década, a diferença salarial entre brancos e negros será ainda mais reduzida graças a medida do governo Lula/Dilma em adotar o sistema de cotas raciais para o ingresso nas universidades públicas. Com as cotas nas universidades, uma barreira que praticamente impedia pretos e pardos da possibilidade de superar a condição de pobreza foi ultrapassada. Será justamente por conta das cotas que veremos, já nos próximos anos, mais negros ingressando em melhores condições no mercado de trabalho e alcançando maiores rendimentos. Sem a política da ação afirmativa, a barreira do acesso ao ensino superior de qualidade continuaria sendo um entrave, superado apenas por poucos indivíduos, mudando de forma quase irrisória a situação de pretos e pardos, quer no acesso a universidade, quer no aumento dos rendimentos. A questão que se faz agora é: devemos ampliar a política de ações afirmativas para outras áreas, como o acesso a empregos públicos, por exemplo?
Recentemente, um leitor do blog me questionava sobre a questão das cotas, posicionando-se contrário a elas por não acreditar que a sociedade trata de maneira distinta os indivíduos brancos dos pretos ou pardos. Para esse leitor, não há diferença entre um branco do que ele denominou “classe D” e pretos ou pardos pertencentes a essa mesma classe. Para esse leitor, portanto, se houvesse que se implementar o sistema de cotas no país, esse deveria levar em consideração critérios sociais, nunca raciais, pois se assim fizéssemos, estaríamos institucionalizando o racismo.
Ora, vê-se claramente que trata-se da repetição rasteira do discurso veiculado ad nauseam por intelectualóides como Demétrio Magnoli, Ali Kamel et al. Tentei argumentar que para analisar a condição atual dos pretos e pardos do país, não podemos nos furtar de olhar para o passado e entender como a sociedade brasileira se constituiu a partir de seu processo histórico, do qual é impossível deixar de lado a herança do escravismo. Indiquei textos de Sérgio Buarque de Holanda, explicitando o preconceito praticado no Brasil com base na cor, além da fala do Luiz Felipe Alencastro no STF, que esmiuçava a herança colonial na constituição de nossa sociedade, para ver se jogava um pouco de luz sobre essa ideia equivocada do leitor de que não há diferenças entre brancos e negros de mesma extração social no Brasil. Ainda assim, o caro colega preferiu manter suas ideias preconcebidas com base no modo como ele diz perceber a nossa sociedade (e na ideologia que lhe foi inculcada).
Tal como esse leitor, milhões de brasileiros, iludidos por um discurso veiculado incessantemente nos principais meios de comunicação, reforçam a ideologia de que vivemos em uma democracia racial, de que não existe racismo no Brasil e que qualquer tentativa de resolver as desigualdades estruturais verificadas entre negros e brancos com base em ações afirmativas trata-se, na verdade, de racismo. Cruel como todo discurso ideológico, ao desconsiderar os reflexos do escravismo no processo histórico de constituição da sociedade brasileira pós-abolição, na qual o preconceito e o racismo continuaram bastante presentes no quadro mental do brasileiro, pretende-se ocultar a reminiscência do racismo em nossa realidade cotidiana (perceptível até mesmo nos números oficiais produzidos pelo Estado). Cabe a nós, que conhecemos um pouco de história, ouvir criticamente o discurso e desconstruí-lo com base na maneira como se constituiu nossa sociedade através do tempo. Vamos continuar ouvindo esse discurso e seguir jogando para debaixo do tapete o quanto somos racistas no Brasil? Vamos desperdiçar outras oportunidades de arregaçar as mangas e exigir de nossos governantes que resolvam, o mais rápido possível, problemas vergonhosos como esse, no qual um trabalhador negro ganha, em média, pouco mais da metade do que um trabalhador branco? E tudo isso por quê? Só porque preferimos acreditar que não somos racistas? Ficam aqui as perguntas para que cada um reflita por si.

Jornal GGN

domingo, 26 de janeiro de 2014

Protestos fortalecem democracia no Brasil, afirma fundação alemã

sab, 25/01/2014 - 16:34 - Atualizado em 25/01/2014 - 16:46

Especialistas da Fundação Bertelsmann veem avanços com as políticas sociais adotadas pelo governo e avaliam que as manifestações representam "um começo e uma oportunidade" para o aprofundamento da democracia.
Fortalecido pelos protestos do ano passado, o Brasil continua bem posicionado no Índice de Transformação Bertelsmann (BTI), que avalia a consolidação da democracia e da economia de mercado em países em desenvolvimento e é elaborado pela Fundação Bertelsmann, da Alemanha. O índice bianual é composto por três indicadores (transformação política, transformação econômica e qualidade de governança) e avaliou 129 países em desenvolvimento entre 2011 e 2013.
No indicador de transformação política, o Brasil ocupa a 18ª posição entre os 20 países do grupo Democracias em Consolidação, que inclui todas as nações com nota acima de 8 (10 é a maior nota possível, 0 é a menor), ou seja, as mais bem classificadas. A nota brasileira é 8,15. O primeiro país da lista é o Uruguai, com 9,95.
No segundo indicador, transformação econômica, o Brasil aparece no segundo grupo, intitulado Economias com Mercado Funcional, com nota 7,89 e ao lado de outros 14 países. O primeiro grupo é o das Economias com Mercado Desenvolvido e também inclui 15 países.
No terceiro indicador, o Brasil é o terceiro colocado no grupo Muito Bom, com nota 7.3, ao lado de mais sete países, entre eles o Chile e o Uruguai. "Isso não significa, porém, que os governos desses países foram excelentes em todas as áreas", afirma o relatório.
Protestos de junho
Apesar de classificar a política e a economia como "fortes", o estudo diz que o governo brasileiro não se destaca em todas as áreas por causa da desigualdade social. "Isso mostra que o país deve sempre reavaliar como a discussão política inclui os marginalizados e os mais pobres. E como as políticas públicas estão de fato funcionando", explica Hauke Hartmann, gerente de projetos sênior da Fundação Bertelsmann.

Índice de Transformação da Fundação Bertelsmann (BTI 2014) avaliou 129
 
Segundo Hartmann, a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff aprofundou o diálogo com a sociedade civil, mas o desafio de saber lidar com conflitos ainda é grande, sobretudo tendo em vista grandes eventos, como a Copa do Mundo. "É preciso melhorar a governança porque as expectativas ainda não foram atendidas", afirma.
No relatório, o Brasil é classificado como um país-motor da América Latina. Hartmann atribui o resultado à reforma social promovida pelo Bolsa Família. "Foi muito positivo, mas esses programas sociais precisam ser constantemente avaliados para se saber se estão surtindo efeito. É necessário manter a vigilância."
O relatório também cita os protestos realizados durante a Copa das Confederações, afirmando que eles apresentaram novas demandas ao sistema político, "às quais a elite brasileira ainda precisa se ajustar". Os protestos, tanto no Brasil como Chile, representam "um começo e uma oportunidade" para o aprofundamento da democracia, afirma o relatório.
"Além das regiões Centro-Leste e Sudeste da Europa, a América Latina estabeleceu-se como a única região do BTI que amplamente adere aos princípios norteadores da democracia, constituídos sob o domínio da lei e de uma economia de mercado equipada com medidas sociopolíticas corretivas", afirma o relatório. Porém, a maioria dos países latino-americanos pouco avançou, nos últimos anos, no processo de consolidação da democracia e da economia de mercado, complementa o estudo.
Uruguai como exemplo
Desde 2006, apenas quatro países da América Latina têm tido seguidamente bons resultados no índice – Brasil, Uruguai, Bolívia e El Salvador. Segundo Hartmann, o Uruguai é um exemplo de consolidação da democracia por abrir possibilidades de diálogo sobre educação e segurança e, ao mesmo tempo, conseguir integrar diferentes setores da sociedade.
"O governo é muito pragmático ao integrar o crescimento econômico com a tentativa de redução das desigualdades sociais. É também muito criativo na criação de programas sociais", explica. "Mas ainda é necessário avançar. Se falarmos sobre a desigualdade social, o Uruguai ainda está no mesmo nível da África Subsaariana."
O Índice de Transformação da Fundação Bertelsmann é publicado a cada dois anos e está na sexta edição.
                                        Fonte: Jornal GGN

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

OIT: 202 milhões de pessoas estão sem emprego no mundo

seg, 20/01/2014 - 14:48 - Atualizado em 20/01/2014 - 15:30
Relatório divulgado hoje (20) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que, em 2013, o número de desempregados no mundo aumentou 5 milhões. Com isso, o número de pessoas sem emprego é cerca de 202 milhões, o que representa uma taxa de desemprego mundial de 6%. Segundo o relatório Tendências Mundiais de Emprego 2014, a fraca recuperação da economia mundial não foi capaz de levar a uma melhora no mercado de trabalho.

No ano passado, a maior parte do aumento do desemprego mundial foi registrada nas regiões da Ásia Oriental e da Ásia Meridional que, juntas, representam 45% das pessoas em busca de emprego, seguidas da África Subsaariana e da Europa. Por outro lado, a América Latina contribuiu com menos de 50 mil desempregados para a cifra mundial do desemprego.

De acordo com a OIT, se a tendência atual se mantiver, o desemprego mundial continuará piorando e pode chegar a 215 milhões de pessoas em 2018. Nesse período, serão criados cerca de 40 milhões de novos empregos por ano, que representa um número menor do que os 42,6 milhões de pessoas que entram no mercado de trabalho anualmente.

O estudo destaca que a recuperação mundial do mercado laboral está sendo freada pelo déficit na demanda agregada. “Em muitas economias desenvolvidas, as drásticas reduções do gasto público e o aumento dos impostos sobre a renda e o consumo impõem uma carga pesada sobre as empresas privadas e as famílias”, disse a OIT.

“O que necessitamos com urgência é repensar as políticas. Devemos intensificar nossos esforços para acelerar a geração de empregos e apoiar as empresas que criam empregos”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

A duração do desemprego prolongou-se de maneira considerável, de acordo com a organização. Em países da zona do euro, como a Grécia e a Espanha, quem procura trabalho necessita do dobro do tempo – de 8 a 9 meses - para encontrar um emprego do que antes da crise financeira de 2008. Assim, “um número cada vez maior desses potenciais trabalhadores fica desalentado e sai da força de trabalho”, ressalta a OIT. Cerca de 23 milhões de pessoas abandonaram o mercado em 2013.

“Quando se estima que 23 milhões de pessoas abandonaram a busca de trabalho, é imperativo que sejam implantadas políticas ativas do mercado laboral com maior vigor para enfrentar a inatividade e o desajuste de qualificações”, assinalou o chefe da Unidade de Tendências do Emprego da OIT e principal autor do relatório, Ekkehard Ernst.

Segundo o estudo, o emprego informal continua alto e representa cerca de 48% do mercado de trabalho. Segundo a OIT, o ritmo de melhoria na qualidade do emprego está diminuindo, o que significa que um número menor de pessoas está saindo da pobreza. Em 2013, o número de trabalhadores em situação de extrema pobreza diminuiu apenas 2,7% em âmbito mundial, uma das taxas mais baixas da última década. São 375 milhões de trabalhadores vivendo com menos de US$ 1,25 dólar por dia.

O relatório acrescenta que uma mudança urgente rumo a políticas mais favoráveis para o emprego e a um aumento da renda derivada do trabalho impulsionariam o crescimento econômico e a criação de emprego. Além disso, para a OIT, é fundamental fortalecer a proteção social e a transição para o emprego formal.
(Jornal GGN)

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

País desenvolvido - Atualidades

13 milhões vivem abaixo da linha da pobreza na Inglaterra

Sugerido por Antonio Carlos Silva
Da Carta Maior
Em 2011-2012, 128.697 pessoas recorreram a estes bancos. Em 2012-2013, a cifra quase triplicou: 346.992. Já há mais de 400 bancos de alimentos no país. 
Marcelo Justo 
Londres - É a sexta economia mundial, origem da revolução industrial, ex-império que dominou o mundo tem cerca de 13 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Com um duro plano de austeridade que está socavando lentamente o Estado de Bem estar, salários estagnados, explosão do emprego temporário e de meio-turno, muitos têm que recorrer aos bancos de alimentos das ONGs no Reino Unido.
Fundação Trussell Trust tem mais de 400 bancos de alimentos em todo o país. O impacto do programa de austeridade aplicado pela coalizão de conservadores e liberais democratas desde 2010 é claro. Em 2011-2012, 128.697 pessoas recorreram a estes bancos. Em 2012-2013, a cifra quase triplicou: 346.992. “Há muita gente que come uma vez ao dia ou tem que escolher entre comer e acionar a calefação em pleno inverno”, disse à Carta Maior o diretor da Trussel Trust Chris Mould.
Os especialistas medem a pobreza em termos absolutos (virtual incapacidade de sobrevivência) e relativos (em relação à renda média e às expectativas de uma época). Hoje em dia não ter uma geladeira é um indicador de pobreza; em 1913, data de invenção da geladeira doméstica, era um luxo. Segundo o Trussel Trust, um de cada cinco britânicos se encontram hoje em situação de pobreza relativa ou absoluta. “É fácil esquecer que se pode cair muito rápido nesta situação. Uma demissão, uma conta muito alta de eletricidade, uma redução dos benefícios sociais, um drama familiar e essas pessoas ficam sem nada”, explica Mould.

Esta pobreza se estende para além do desemprego. A atual taxa de desocupação de 7,7% (2,5 milhões de pessoas) encobre um panorama social complexo. Quase um milhão e meio de pessoas tem trabalhos de meio turno e com salários baixíssimos que geraram o movimento pelo chamado “living wage” (salário digno).

O percentual de subempregados (que desejariam trabalhar mais se pudessem) aumentou de 6,2% em 2008 para 9,9% hoje. “A maioria da ajuda estatal não vai para os desempregados, mas sim para pessoas que estão subempregadas ou têm salários muito baixos. Muitas vezes pela própria instabilidade destes trabalhos as pessoas entram e saem de situações de extrema necessidade”, diz Mould.

A esta pobreza de receita se somam outras formas no Reino Unido, como a chamada “pobreza energética” dificilmente visualizada na América Latina seja pela diferença climática ou porque ainda não foi conceitualizada. Este nível de pobreza afeta cerca de 3,4 milhões de pessoas (cerca de 6% da população) que tem que gastar mais de 10% de suas receitas para “manter um nível adequado de calefação” durante os cinco meses ou mais de duração do inverno britânico. Muitos não têm escolha e deixam a calefação desligada porque não podem pagar as contas.

Um caso particular

Uma britânica que não pode ligar a calefação no inverno é Geraldine Pool, de Salisbury, sudoeste da Inglaterra, diagnosticada com depressão, divorciada, com um filho e sem trabalho. A Carta Maior conversou com Pool, um caso típico do impacto devastador que a austeridade está tendo em muitas vidas. “Em 2011 perdi meu trabalho em uma biblioteca pública pelos cortes do governo. Desde então, busquei trabalho em administração, supermercados, seja o que for, mas é muito difícil para alguém com mais de 50 anos porque sempre preferem os mais jovens”, disse Pool.

O Estado paga a ela 61 libras semanais (99 dólares) a título de seguro desemprego e fornece assistência habitacional. “Não é suficiente. Se uso a calefação, as contas sobem para quase 300 libras semanais”. Neste momento não tenho água quente. Tenho que esquentar a água para me lavar”, explica Pool.

Pool tinha ouvido falar dos bancos de alimentos, mais foi por causa de sua médica do Sistema Nacional de Saúde que acabou indo a um. “Não queria recorrer a isso. Mas foi fundamental. Com os “vouchers” (vales) me deram latas de carne, peixe, massa, leite, açúcar. Umas seis semanas depois, no último Natal, tive um segundo pacote muito completo de alimentos”, assinalou à Carta Maior.
Os Bancos de Alimentos procuram trabalhar muito perto da comunidade e funcionam com as contribuições voluntárias da população e, em muito menor medida, de supermercados ou fazendeiros. “Cerca de 95% dos alimentos que temos vem das pessoas a quem pedimos que adquiram dois itens adicionais em um supermercado que sirvam para uma nutrição balanceada”, informa Mould.

Os bancos se conectam com figuras chave da comunidade em consultórios médicos, hospitais, serviços sociais, igrejas e, em alguns casos, da polícia que identificam as pessoas que podem necessitar estes vales para ter acesso a um pacote de alimentos. Em um caso raro de sensibilidade social, a polícia de Islington, no norte de Londres, não prendeu um jovem que havia tentado roubar pão e ovos de um mercado, após passar dias sem se alimentar direito. Quando a pessoa em questão, Adam, relatou seu drama o levaram ao banco de alimentos onde, segundo o testemunho dos próprios policiais, começou a chorar.

A Trussell Trust calcula que necessitará uns “200 ou 300 bancos de alimentos mais” para cobrir todo o Reino Unido, mas é consciente que, com toda sua boa vontade, funciona como um paliativo: necessário, muito útil, mas insuficiente. “Nós intervimos nestes momentos de emergência e se for necessário ampliamos nossa assistência. Mas o que é preciso é uma política social para o emprego, a habitação, salários dignos e estímulos ao crescimento. Devido a todos os cortes que ocorreram, estamos inundados de trabalho”, apontou Mould à Carta Maior.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Morre o ex-premiê israelense Ariel Sharon, 85, em coma desde 2006


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Trajetória de Ariel Sharon18 fotos

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O ex-primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, em foto de 1948, ano da criação do Estado de Israel. Sharon nasceu na Palestina, em 1928, e ainda jovem ingressou na organização militar clandestina judaica Haganá, lutando como comandante de pelotão na guerra árabe-israelense de 1948 a 1949. Nos anos 50, liderou uma equipe de forças especiais contra tropas do Egito. Em 1967, já general, durante a Guerra dos Seis Dias, comandou a divisão que conquistou Jerusalém Oriental, Cisjordânia e a Faixa de GazaAFP
O ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, 85, morreu neste sábado (11) de falência múltipla de órgãos, no hospital de Tel Hashomer, perto de Tel Aviv, confirmaram o governo israelense e a família de Sharon. A notícia tinha sido dada mais cedo pela Rádio Militar de Israel, citando familiares do líder.
Ele estava internado na unidade de saúde em coma desde 2006, quando teve um acidente vascular cerebral. 
Sharon participou da criação do Estado de Israel, em 1948, e teve vários postos nas Forças Armadas e em sucessivos governos do país. Por sua atuação no Exército e na política, foi acusado pela Justiça de seu país e por grupos de direitos humanos de ser responsável por diversos massacres de civis palestinos desde 1952.
Como primeiro-ministro, foi idealizador do muro que separa os territórios palestinos de cidades e assentamentos judeus e ordenou a retirada das colônias ilegais da faixa de Gaza.

Relembre a trajetória de Ariel Sharon

Sharon nasceu na região da Palestina em 1928, quando a região estava sob domínio britânico. Ele participou da milícia Haganá - que lutava pelo fim da autoridade inglesa na região - em 1942, quando tinha apenas 14 anos de idade.
Posteriormente foi comandante de brigadas do Exército de Israel durante a ofensiva das tropas árabes logo após a criação do país, em 1948.
Em 1952, ele se tornou líder da Unidade 101, responsável por ações militares de retaliação em territórios palestinos – muitas das quais criticadas por violações dos direitos humanos, tal como o Massacre de Qibya, no qual 69 palestinos morreram - mais da metade dos mortos eram mulheres e crianças.
Sharon ingressou na política em 1973, eleito para o parlamento israelense pelo partido de direita Likud. Ele renunciou em seguida para trabalhar como assessor de segurança nacional para o premiê Ytzhak Rabin.
Em 1977 foi reeleito. Em 1981, se tornou ministro da Defesa do governo de Menachem Begin. Como chefe da pasta, Sharon comandou a invasão do Líbano, em 1982, em represália aos ataques com mísseis lançados deste país por militantes da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), de Yasser Arafat (1929-2004).
À época, ele foi acusado de agir sem a autorização do primeiro-ministro. A ação no país vizinho expulsou a OLP do Líbano, mas deixou um saldo de centenas de civis palestinos mortos, grande parte deles dentro de dois campos de refugiados de Beirute que estavam sob o controle do Exército de Israel – episódios conhecidos como os massacres de Sabra e Shatila.
Em 1983, Sharon foi forçado a deixar o cargo por um tribunal israelense que investigava os massacres. A Justiça concluiu que o ministro foi indiretamente responsável pelas mortes.

Retorno à política

Apesar da renúncia, Sharon continuou popular entre a direita israelense, tendo participado de sucessivos governos.
Como ministro da Habitação, em 1990, foi um entusiasta da política de assentamentos judeus em territórios palestinos, tendo sido responsável pela maior construção de colônias e estradas na faixa de Gaza e na Cisjordânia desde que os territórios foram ocupados por Israel, em 1967.
Sharon foi ministro do Exterior do governo de Benjamin Netanyahu, em 1998, e em 1999 se tornou o líder do Likud.
Depois do fracasso das conversações entre Israel e a Autoridade Palestina, em Camp David (EUA), em 2000, Sharon tentou colocar a opinião pública contra o premiê Ehud Barak, dizendo que ele era um usurpador disposto a trocar Jerusalém por um acordo de paz.

Estopim da segunda intifada

Ainda em 2000, Sharon despertou a ira dos palestinos ao visitar o complexo religioso conhecido como Haram al-Sharif pelos muçulmanos em um dia sagrado islâmico. O episódio, visto como provocação pelos árabes, deu início à segunda intifada (revolta).
Em 2001, ele foi eleito primeiro-ministro com um discurso de "segurança e paz", afirmando que não iria "se dobrar" aos palestinos.
Foi de Sharon a ideia de construir um muro separando cidades e assentamentos judeus dos territórios palestinos. Ele ordenou a retirada de assentamentos judeus em Gaza, mas descartou outras remoções.
Em 2005, Sharon deixou o Likud e criou o partido Kadima, no qual esperava ser reeleito como premiê. O acidente vascular cerebral, no entanto, frustrou os planos de Sharon. (Com informações da BBC e de agências de notícias)  - uol notícias