domingo, 5 de maio de 2013

Novo tremor de terra é registrado na cidade mineira de Montes Claros - 1ª Série do Ensino Médio



atualizado às 09h35

Obsis informou que o abalo atingiu magnitude de 3.8 na escala Richter


O município de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, voltou a registrar um tremor de terra na manhã desta quinta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o abalo ocorreu por volta das 7h. O Observatório Sismológico (Obsis) da Universidade de Brasília informou que o tremor atingiu magnitude de 3.8 na escala Richter. 

Segundo os bombeiros, não houve feridos. A corporação recebeu o chamado de rachaduras em uma residência, mas instaurou uma vistoria para verificar se tem relação com o abalo.
Somente de janeiro a metade de março, mais de 200 tremores haviam sido registrados no município. No fim do ano passado, houve terremotos de 3.5 e 3.6 na escala Richter, além do mais forte de 4.2 em maio de 2012. 

Durante o Seminário Internacional Brasil-Japão para Gestão de Risco e Desastre, japoneses visitaram a cidade de Montes Claros e alertaram os moradores para novos tremores de terra na região. Em parceria firmada entre o governo mineiro e a Universidade de Brasília, foram instalados sismógrafos e foi identificada uma falha geológica na região.

sábado, 13 de abril de 2013

Conflitos regionais no mundo contemporâneo


Apresentação    Roberto Giansanti1

Estima-se que a humanidade tenha convivido com ao menos 500 guerras e conflitos sociais de grandes proporções nos últimos três séculos. As mais devastadoras aconteceram ao longo do século 20: a Primeira Guerra Mundial (1914–1918) deixou um saldo de 13 milhões de vítimas fatais, enquanto a Segunda (1939–1945) matou mais de 60 milhões de pessoas.
Além do efeito devastador, a guerra deixa um saldo negativo para a vida social de um país, com a destruição de cidades inteiras, edificações, infraestruturas e recursos naturais disponíveis no território.
Milhões de pessoas passam a viver como refugiados ou deslocados. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) indicam que, no fim de 2009, eram 43 milhões de pessoas nessa condição. Desse total, quase a metade era formada por afegãos e iraquianos.

·         Por que eles ocorrem? Qual é a natureza predominante? O que tem movido sociedades e governos a investirem em confrontos armados que podem durar décadas? Como classificar as ações de grupos e organizações ligados ao terror nos dias de hoje? Por que algumas guerras mobilizam lideranças, a opinião pública mundial e as mídias, enquanto outros conflitos não têm a mesma atenção? Qual é a relação entre regimes políticos opressores e ocorrência de conflitos sangrentos e guerras civis?

·         Houve redução no número de conflitos no mundo atual. Eles são residuais em regiões como o continente americano e a Europa. Um exemplo notável, que nos toca diretamente: no fim dos anos 1980, Brasil e Argentina deixaram de lado suas rivalidades históricas, abandonando os respectivos programas nucleares e adotando um regime de cooperação no âmbito do Mercosul. De outro lado, os conflitos ocorrem ainda em grande número na África e na Ásia.

·         A quantidade de confrontos entre Estados nacionais soberanos representa hoje apenas pequena parte dos conflitos. Entre eles estão o embate entre Índia e Paquistão (em disputa pela região da Caxemira) e o histórico confronto entre palestinos e israelenses (que coloca em jogo a disputa por territórios e recursos e opõem culturas e religiões distintas). Outro conflito que gera tensão permanente ocorre entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, especialmente em função de hostilidades e testes nucleares realizados pela primeira. O Tibete, independente até os anos 1950, foi invadido pela China e incorporado ao território do “Império do Meio”.

·         A maior parte dos conflitos atuais acontece no interior de cada território ou em determinadas regiões. Eles têm a configuração de guerras civis (como a que varreu Muammar Khadafi do poder na Líbia, em 2011), de movimentos nacionalistas, separatistas e autonomistas (no Cáucaso, por exemplo) ou confrontos entre grupos em disputa pelo poder político ou por diferenças étnicas ou religiosas (Iraque, Somália, Sudão/Sudão do Sul, curdos no Oriente Médio, entre outros). As populações do Afeganistão e do Iraque ainda lutam para reconstruir seus países e retomar a vida normal.

·         A maior diversidade de conflitos impõe a necessidade de rever conceitos tradicionais de guerra e paz em vigor nos últimos séculos. As instabilidades políticas abrem terreno para ações de grupos ligados ao terror. São organizações transnacionais que atuam em redes geográficas e utilizam frações de territórios para suas bases de operações. Um exemplo conhecido é o da Al Qaeda, com ações e partidários em diferentes países e autora dos atentados às Torres Gêmeas de Nova York, entre outros, em 2001.

·         Portanto, já não estamos diante de embates tradicionais entre exércitos regulares nacionais, o que solicita das lideranças mundiais e de organizações como a ONU novos modos de atuar na mediação de conflitos.

·         Instabilidades, mortes e violência também ocorrem em função da associação de grupos políticos com organizações das redes e circuitos ilegais (como o tráfico de drogas).
·         Do mesmo modo, as instabilidades políticas estão vinculadas também à ausência da democracia e das instâncias do Estado democrático de direito. A aparente calma em países como Zimbábue vincula-se à ação extremamente opressiva do regime comandado pelo ditador Robert Mugabe, no poder desde 1986. São quadros como esse que motivaram diferentes populações a protagonizar a chamada Primavera Árabe. A partir do fim de 2010, regimes despóticos foram derrubados na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen. Outros regimes do Oriente Médio também estão sendo atingidos por essa onda, como o do Barein e o da Síria.

·         Muitos conflitos contemporâneos são alimentados por um movimentado comércio de armas, que têm a indústria bélica de países ricos e de algumas ex-repúblicas soviéticas como carro-chefe. Os maiores vendedores de armas são, pela ordem, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e França. Entre os principais compradores estão Arábia Saudita, Índia, China, Israel e Egito. A participação de nações estrangeiras em conflitos também está associada a interesses geopolíticos e econômicos – caso da forte presença dos Estados Unidos no Oriente Médio, onde estão as maiores reservas de petróleo do planeta.


Sudão do Sul: sonho de paz

A causa das tensões no Sudão é de natureza tão geográfica que poderia ser notada até mesmo por um observador na Lua. A ampla faixa cor de marfim do Saara no norte da África contrapõe-se à savana e à selva verdejante no centro do continente. As populações em geral se distribuem de um lado e de outro desse divisor vegetal. [...] No Sudão, o contato entre árabes e negros sempre foi problemático. Já no século 7, os conquistadores muçulmanos descobriram que muitos moradores da terra então conhecida como Núbia eram cristãos. O confronto entre ambos consolidou-se em um impasse que durou mais de um milênio. [...]
[Já no século 20], com a eclosão da segunda guerra civil no país, em 1983, surgiu um grupo rebelde, intitulado Exército de Libertação do Povo do Sudão, que, em um dos seus primeiros atos espetaculares, lançou um ataque contra a sede da construtora de um canal [que desviaria águas da região úmida do Sudd para o norte, até o árido Egito]. Anos de carnificina se seguiram e somente seriam encerrados em 2005, quando esforços diplomáticos nos bastidores levaram à assinatura do Acordo de Paz Global. Esse pacto assegurou ao Sudão do Sul uma autonomia relativa, com Constituição, Exército e moeda próprios. Em janeiro de 2011, a história sudanesa deu um passo determinante: a população sulista aprovou em referendo a decisão de separar-se do norte e formar uma nação livre, por ora chamada de Sudão do Sul.
As lideranças políticas de ambos os lados emitem sinais de que pretendem respeitar o resultado, temerosos de uma intervenção internacional. Ao mesmo tempo, continuam o antagonismo e a troca de acusações. [...]
A questão é: por que o norte não aceita a separação do sul? De novo, o motivo é geográfico: petróleo. A maior parte das reservas fica no Sudão do Sul, mas o governo central controla as refinarias, assim como a distribuição das receitas.

domingo, 17 de março de 2013

Atualidades sobre João Pessoa

Leia:


http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1247559-guerra-entre-eua-e-al-qaeda-leva-terror-a-joao-pessoa.shtml

A DESSALINIZAÇÃO, SOLUÇÃO MILAGRE PARA A FALTA DE ÁGUA?



Toda vez que é discutida a falta de água em muitas regiões do mundo, o bom senso pergunta: com tantos oceanos, por que não transformar a água do mar em água potável em grande escala por meio da dessalinização? É uma solução interessante, mas não tão simples nem tão viável quanto parece.

Será a dessalinização da água do mar a resposta aos problemas de escassez de água no mundo? Muitos acham que sim, sendo esta uma opinião bastante difundida na opinião pública. Enquanto eu estava fazendo uma turnê dos estúdios de rádio britânicos para promover meu mais recente livro, "When the Rivers Run Dry" ("Quando os rios ficam secos", numa tradução livre), descobri que a pergunta que voltava com maior freqüência, formulada por telefone pelos ouvintes dos programas, era a seguinte: "Por que deveríamos sofrer com a falta de água quando estamos cercados pelo mar? Na certa, a dessalinização não seria a resposta?"
          
E trata-se de uma boa pergunta, principalmente se considerarmos que os custos da dessalinização vêm diminuindo rapidamente. Com freqüência ouvimos a advertência de que o século 21 irá testemunhar as primeiras guerras por água. Mas, ao contrário, este poderia se revelar como o século em que as nossas carências de água serão resolvidas para sempre se a extrairmos da mais abundante das fontes de água no planeta - os oceanos. Países que hoje sofrem desesperadamente com a falta de água poderiam em breve ser inundados por ela. Mas, assim como tantos outros Santos Graais tecnológicos, tais como a fusão nuclear, a dessalinização pode ser fadada a permanecer uma miragem torturante na linha do horizonte.
           
Existem duas tecnologias para remover o sal da água do mar e torná-la bebível. Destilar a água do mar, fervendo-a e recolhendo o vapor da água é um procedimento dos mais antigos. O fato de fervê-la retira a maior parte das impurezas da água, inclusive os sais, que são deixados para trás à medida que o vapor é liberado. Na antiguidade, os egípcios, os persas e os gregos já sabiam disso.
           
A Marinha Real britânica construiu alambiques de destilação dentro dos seus navios de guerra. Mas a tecnologia da destilação, tal como a conhecemos hoje foi desenvolvida inicialmente pela Marinha americana, de modo a não faltar água nas suas operações em ilhas remotas do oceano Pacífico durante a Segunda Guerra mundial. Mais tarde, nos anos 50, a destilação em grande escala difundiu-se rapidamente nos Estados áridos do Golfo, os quais dispõem de petróleo suficiente para produzir a energia necessária para isso.
           
Nos típicos sistemas modernos de destilação, a água salgada é aquecida ao passar dentro de tubos no interior de uma câmara que contém sobras de vapor provenientes de uma usina de energia - uma espécie de radiador ao contrário. A água salgada quente entra então numa câmara despressurizada que reduz a temperatura na qual a água está fervendo. Então, esta "faz de tudo" para evaporar. Este princípio é chamado de eletrolise.
           
A segunda tecnologia de dessalinização, a da osmose inversa, foi se tornando cada vez mais popular a partir dos anos 70. Na sua essência, trata-se de um sistema de filtragem. A água bombeada é projetada por meio de uma forte pressão contra uma membrana que retém as moléculas maiores de sal e deixa passar as moléculas menores de água limpa. Contudo, os filtros são eficientes apenas em parte, e a água precisa ser pressurizada e passar pelos filtros várias vezes até conseguir ficar limpa.
           
Ambas as tecnologias requerem grandes quantidades de energia. Até recentemente, custavam vários dólares para produzir um único metro cúbico (1.000 litros) de água sem sal - cerca de 100 vezes mais do que o custo do fornecimento convencional de água. Mas a fabricação de filtros melhores está permitindo cortar os custos da produção de uma água potável aceitável. Com isso, enquanto o esgotamento das fontes vem aumentando os preços do abastecimento convencional em água fresca, a dessalinização tornou-se uma alternativa cada vez mais atraente.
           
Hoje, a capacidade global de dessalinização aproxima-se de 10 quilômetros cúbicos por ano - ou seja, cerca de 3% do abastecimento global em água corrente doméstica. Os dois terços desta capacidade são dedicados ao processamento da água do mar, e o restante à limpeza de águas salobras subterrâneas. Mas a água para consumo doméstico é objeto de uma demanda menor na maioria dos países (neste caso, a Grã-Bretanha faz figura de exceção). Os dois terços da água disponível em todo o mundo são utilizados para irrigar plantações. Com isso, a água dessalinizada responde por apenas um décimo de 1% do total da água utilizada.
           
Os quatro quintos da capacidade mundial de dessalinização ainda são produzidos por processos de destilação, em usinas concentradas, na sua maioria, nos países do Golfo. A capital da Arábia Saudita, Riad, onde praticamente nunca chove e onde não existem rios nem lagos de superfície, responde sozinha por um décimo da produção mundial de água dessalinizada. Em 2004, os sauditas anunciaram que planejavam construir seis novos centros de produção, a um custo total de US$ 5 bilhões (equivalente hoje a R$ 10,29 bilhões).
           
Mas a tecnologia da dessalinização está se disseminando rapidamente em países onde os rios estão encolhendo e onde a demanda está cada vez mais elevada. As ilhas de veraneio onde os turistas esgotaram as reservas locais tornaram-se as principais interessadas nesta alternativa. Hoje, Malta obtém dois terços da sua água potável da dessalinização. Na sua maioria, as ilhas gregas, como Mykonos, por exemplo, vêm dessalinizando há muitos anos, o que é também o caso das ilhas Cayman, de Antígua e das Ilhas Virgens no Caribe. E Chipre bombeou de tal forma suas reservas subterrâneas de água potável que a água do mar acabou invadindo o subsolo através dos poros abertos dentro da camada rochosa - o que fez com que o país, agora, seja obrigado a dessalinizar também sua água subterrânea.
           
Nos últimos cinco anos, certas cidades continentais situadas em zonas áridas também abraçaram a tecnologia. Tampa Bay, na Flórida, e Santa Cruz, na Califórnia, foram outras que mergulharam de cabeça, enquanto outras usinas de osmose reversa estão sendo planejadas para Houston (Texas) e Cidade do Cabo (África do Sul). Em Perth (Austrália), desde os anos 70, a seca cortou em dois terços o fluxo da água que alimentava as barragens que abastecem a cidade; com isso, para continuar a abastecer as torneiras, a cidade está construindo uma usina de dessalinização, a um custo de US$ 278 milhões (R$ 572,1 milhões).
           
Na Espanha, o governo Zapatero, eleito em 2004, abandonou os planos do seu predecessor que visavam a abastecer os campos ressecados e as piscinas vazias da região sul, bombeando água do norte, mais irrigado. Em vez disso, ele decidiu construir 20 usinas de osmose reversa ao longo das Costas (que formam o litoral sul da Espanha), as quais deverão corresponder a um pouco mais de 1% das necessidades totais da Espanha em água.

Redução dos custos da dessalinização 

A água do mar dessalinizada a mais barata encontra-se em Israel, onde a maior usina de osmose reversa do mundo foi construída na orla mediterrânea, em Ashkelon. Ela produz 270.000 metros cúbicos de água por dia. A política de Israel em relação à água é notoriamente pouco transparente, mas o governo garante ter condições de suprir água a cerca de US$ 0,50 (R$ 1,03) por metro cúbico. Isso representa cerca de um terço do custo de produção na Arábia Saudita, e um sexto do custo típico da dessalinização em vigor 20 anos atrás.

De modo mais pertinente ainda para os israelenses, este custo sustenta a comparação com os US$ 0,30 (R$ 0,62) que custa bombear água potável do mar da Galiléia até cidades costeiras tais como Tel-Aviv, e os US$ 2 (R$ 4,12) por metro cúbico que devem ser desembolsados para comprar e transportar água da Turquia. Um plano nacional que foi aprovado em meados de 2004 aumentará a produção de água do mar dessalinizada de maneira a atender a cerca da metade da demanda atual do país em água, até o final desta década.
           
Esta queda considerável dos custos está incentivando cidades que enfrentam circunstâncias menos extremas, e climas mais frios e mais úmidos, a aderirem à revolução da osmose reversa. Em 2004, a China anunciou o início da construção de uma usina gigante de dessalinização para abastecer Tianjin, a terceira maior cidade do país, cujos 10 milhões de habitantes enfrentam uma falta endêmica de água com o esgotamento dos lençóis subterrâneos e a seca do rio Amarelo. Ela produzirá 100.000 metros cúbicos de água do mar dessalinizada por dia - uma produção importante, mas que representa apenas uma fração das necessidades da cidade em água.
           
De forma mais surpreendente, em 2004 a companhia inglesa Thames Water (a terceira maior empresa de gestão de recursos hídricos do mundo) anunciou sua intenção de construir uma usina de osmose reversa a um custo de 300 milhões de euros (R$ 786,16 milhões), que bombeará água no estuário do rio Tamisa, a leste de Londres. A mistura de água do mar com água doce que predomina no estuário significa que ela será menos salgada, e, portanto, mais barata de processar que a água do mar do Norte.
           
A usina seria mantida em reserva para períodos de seca, quando ela teria condições de atender às necessidades domésticas de quase 1 milhão de londrinos. Até agora, o projeto tem sido vetado pelas autoridades do planejamento de Londres, enquanto a Agência do Meio-Ambiente acredita que existem formas mais adequadas de garantir o suprimento em água da capital, tais como consertar os vazamentos existentes nas principais canalizações de água. Mas os londrinos podem eventualmente querer beber água do mar dessalinizada.
           
O boom da dessalinização está começando a deixar os ambientalistas alarmados. Um dos problemas é o que fazer com os resíduos de água salobra, os quais podem corresponder à metade ou mais do volume total da água processada. A maioria das usinas, de maneira bastante natural, os despeja de volta no mar. Mas esta água salgada usada também contém os produtos da corrosão que foi gerada durante o processo de dessalinização, assim como as substâncias químicas que foram adicionadas para reduzir tanto a corrosão quanto o desenvolvimento de tártaro nas usinas.
           
Tão preocupante quanto, é preciso levar em conta a enorme demanda em energia da dessalinização, pois uma típica usina moderna de osmose reversa consome 6 quilowatts/hora de eletricidade para cada metro cúbico de água que ela produz. A maior parte desta energia, inevitavelmente, provém da queima de carvão, de petróleo ou de outros combustíveis fósseis. Portanto, enquanto a dessalinização poderia, de modo concebível, se tornar uma fonte viável de água potável em regiões costeiras, isso se daria ao custo de um aumento das emissões de carbono na atmosfera.
           
Não raro, a água dessalinizada também gera custos maiores do que o normal para ser distribuída. Ela é produzida, inevitavelmente, no nível do mar. Embora uma grande parte da população mundial viva em regiões costeiras, sempre será preciso bombear a água para outros lugares, o que custa dinheiro e energia. A maioria dos sistemas de fornecimento de água é projetada para captar a água o mais alto possível e fornecê-la usando a gravidade. Esta não é uma opção adequada para a água dessalinizada.

Tendências futuras 
Enquanto a tecnologia da destilação se revela bastante madura, com um potencial reduzido para novos avanços importantes, a tecnologia da osmose reversa ainda apresenta a perspectiva de ser beneficiada por verdadeiros aprimoramentos, os quais poderiam reverter as desvantagens causadas tanto pelo seu preço quanto pela poluição que ela gera.
           
As primeiras membranas de náilon e de acetato de celulose ficavam facilmente entupidas. Isso reduzia sua eficiência e exigia custosos pré-tratamentos da água por meio de substâncias químicas que permaneciam no desaguamento da usina. Mas já surgiu uma nova geração de membranas. Compósitas, resistentes, porém finas, feitas de filmes de poliamida, elas podem remover mais de três quartos do sal numa única operação, e ainda duram muito mais do que as antigas. A água ainda precisa passar através do filtro várias vezes, mais a meta de uma única filtragem pode estar finalmente prestes a se concretizar.
           
Uma outra inovação desejável seria encontrar maneiras de capturar e reciclar a energia utilizada no processo. Uma das idéias em estudo consiste em instalar turbinas dentro da câmara onde a água pressurizada é precipitada sobre o filtro. Essas turbinas, giradas pela água turbulenta enquanto esta se despressuriza, ajudariam a alimentar em energia o processo de pressurização do próximo volume de água a passar através do filtro.
           
Aonde nos leva tudo isso? É difícil imaginar que a dessalinização consiga penetrar no mercado agrícola, que utiliza a maior parte da água do planeta. Isso porque os custos são de uma ordem de grandeza muito elevada demais. O que se pode prever para um futuro próximo é que importar alimentos sairá bem mais barato do que submeter-se à complicação de dessalinizar água do mar para irrigar plantações.
           
Um testemunho da futilidade de tentar irrigar culturas com água dessalinizada pode ser conferido nos arredores de Yuma, no Arizona, no rio Colorado, a pouca distância, rio acima, da fronteira com o México. Ali, uma usina gigante de dessalinização foi construída pelo governo americano duas décadas atrás, a um custo de US$ 280 milhões (equivalente hoje a R$ 576,21 milhões), como parte do cumprimento da sua obrigação, firmada num tratado, de fornecer água potável para o México. A idéia era dessalinizar a água de drenagem salgada retirada de campos locais irrigados e transportá-la no leito seco do rio Colorado, rio abaixo. Mas revelou-se mais barato abandonar esses campos e permitir que certa quantidade de água permaneça no leito do rio. A usina de Yuma nunca foi utilizada.
           
Muitos consideram a dessalinização como uma solução de alta tecnologia de custos proibitivos, não é adequada para resolver um problema global de abastecimento em água causado, principalmente, pelo desperdício. Para eles, no melhor dos casos ela pode representar apenas uma das soluções possíveis para resolver problemas pontuais de abastecimento, relativos a uma demanda específica.
           
Mas, para muitas regiões costeiras - e até mesmo em certas áreas no interior de um país onde as circunstâncias são excepcionais, tais como a Cisjordânia -, ela pode vir a ser a tecnologia a mais indicada, tanto para uso doméstico quanto industrial. Caso a Califórnia não puder mais contar com a água barata do rio Colorado, e se os rios em volta do Mediterrâneo seguirem seu processo de seca, e eventualmente se as secas se tornarem endêmicas no sul da Inglaterra - a dessalinização poderia proporcionar uma forma de manter a água jorrando.
Rushanara Ali,
Prospect Magazine, 09/05/2006.

sábado, 16 de março de 2013

ESPAÇO GEO-HISTÓRICO E CULTURAL DA PARAÍBA



Em 1500, a América já estava dividida pelo Tratado de Tordesilhas (370 léguas a oeste de Cabo Verde). Em 1534 o Brasil foi dividido em 15 lotes (Capitanias Hereditárias). Os donatários eram os homens que governariam as capitanias. A Capitania de Itamaracá (hoje Paraíba) foi entregue a Pero Lopes de Souza (da foz do rio Igarassu/PE até a Bahia da Traição - trinta léguas de frente).
Viviam dois grupos de índios: no litoral, o grupo dos Tupi (Tabajaras e Potiguares); no interior, o grupo dos Tapuias (Cariris)

ESTUDO GEO-HISTÓRICO E ECONÔMICO DO RIO GRANDE DO NORTE


As tribos indígenas que habitavam o Rio Grande do Norte

           Quando os europeus chegaram o estado era habitado pelos Tupi (tribos dos Potiguar), que ocupavam parte do litoral da Paraíba e o litoral do Rio Grande do Norte (de Baía Formosa até Touros. No interior predominava os Tapuio (Cariri) divididos em Panatis, Caicó, Peba, Tarairiú (Seridó). Da chapada do Apodi à Serra de Patu, viviam os Janduis, Pataxó, Pajeú, Paiaku e Moxoró. Na serra predominava as tribos Icó, Panatis e Pacajus.
                Esses índios resistiam a invasão do seu território. Essa luta é organizada pela Confederação dos Cariris (1670). A reação à resistência indígena é chamada pelo colonizador de Guerra dos Bárbaros. Os Cariris são dizimados por tropas vindas da Bahia, de Pernambuco e pelos Bandeirantes (Domingos Jorge Velho)
  Terminada a Guerra dos Bárbaros, a capitania estava arrasada e a população indígena reduzidíssima. Os sobreviventes se miscigenaram, aculturaram com os brancos e os negros.       





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A PRODUÇÃO DA ESCALA GEOGRÁFICA - 1ª série (Millenium)

O britânico Neil Smith é um dos geógrafos que vêm elaborando uma teoria a respeito da escala geográfica. Segundo sua teoria, a escala geográfica é aquela que demarca as fronteiras das disputas sociais e dos espaços controlados ou contestados por grupos sociais. Cabe a Geografia a compreensão das articulações entre as escalas produzidas socialmente, identificando os grupos que exercem o controle e a mobilidade entre diferentes escalas.
O contraste entre os ricos e os pobres é enorme nas cidades brasileiras, mas o processo de exclusão que resultou dessa desigualdade social está provocando reações nos jovens que vivem nas áreas mais carentes.
Um dos tipos de reação é um movimento chamado de manguebeat, originado no Recife (PE). Disputando um lugar de maior visibilidade, esse movimento cultural tem demonstrado força capaz de produzir escalas geográficas, conectadas entre si.

Vejamos quais são elas.

Recife cresceu desordenadamente, à custa do aterramento indiscriminado dos manguezais da planície costeira em que a cidade foi fundada. As áreas de mangue que resistiram à destruição foram em grande parte ocupadas por barracos palafitas, formando imensas favelas.
Se os manguezais nunca haviam sido respeitados imagine o preconceito que se formou quando estas áreas se transformaram em local de moradia da população de baixa renda.
Porém, por meio da música de protesto do manguebeat, os jovens dessas áreas começaram a reverter a imagem negativa dos seus bairros, valorizando sua maneira original de olhar o mundo e de se apresentar a ele.
Segundo os mangueboys e as manguegirls, viver no mangue não é para qualquer um.
Somente os “caranguejos com cérebros”, conforme eles próprios se denominam, são capazes de ficar “conectados” no mundo, com a antena parabólica enterrada na lama.
Nesse nível mais elementar, o próprio corpo e a maneira de vestir e de falar desses jovens demarcam uma fronteira espacial da diferença entre eles e os outros. Ao delimitar suas diferenças em relação ao restante da cidade, os moradores do mangue estão gerando outro nível escalar, que é o de uma comunidade que agrupa indivíduos, inclusive de bairros distantes, ligados por características políticas, econômicas ou culturais comuns.
No caso do movimento cultural manguebeat, os jovens do Recife criaram a sua própria escala do corpo, da comunidade, do espaço urbano e da nação. Ao chamara atenção de outros jovens, o manguebeat começa a fazer parte da vida cultural da cidade, resistindo ao processo de exclusão social.