domingo, 11 de maio de 2014

Economia da China pode já ser maior do que a dos EUA

RIO - A economia da China só deveria ultrapassar a dos EUA na próxima década ou perto disso, certo? Só que isso já pode ter acontecido. O Programa de Comparação Internacional (ICP, na sigla em inglês), do Banco Mundial, que mede o Produto Interno Bruto (PIB) com base na Paridade do Poder de Compra (PPP) como forma de medir a produção real, anunciou ontem o resultado das análises referentes a dados de 2011 e descobriu que a economia da China, há três anos, já correspondia a 87% da americana. Como, desde 2011, o país asiático cresceu bem mais rápido do que o norte-americano, é provável que sua economia se torne a maior do mundo ainda este ano. Isso se já não tiver se já não tiver se tornado.
Em 2005, a economia da China correspondia a 43% da dos EUA. Em 2011, de acordo com os dados divulgados ontem pelo ICP, já era equivalente a 87% da americana. Com o FMI esperando um crescimento de 24% da China entre 2011 e 2014, frente a 7,6% dos EUA no mesmo período, os chineses devem superar os americanos ainda este ano. A Índia, por outra parte, aparece como a terceira economia mundial — passando a corresponder a 37% da economia dos EUA frente aos 19% de 2005 —, à frente de Japão, Alemanha e Rússia. O Brasil aparece na sétima posição, à frente de França, Reino Unido e Indonésia, que fecha a lista das dez maiores economias mundiais.
Em 2011, a economia mundial produziu bens e serviços, na medição com base em PPP, de mais de US$ 90,647 trilhões frente aos US$ 70,294 trilhões do PIB medido com base na taxa de câmbio. Metade dessa produção teve origem em países de média ou baixa renda, segundo o ICP, cuja a análise dos dados de 2011 avaliou 199 países.
Seis das 12 maiores economias do mundo estão na categoria de renda média. Juntos, esses 12 países respondem por dois terços da economia mundial e 59% da população. As seis maiores economias de renda média — China, Índia, Brasil, Indonésia e México — respondem por 32,6% do PIB mundial, enquanto as seis maiores economias de alta renda — EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália - têm uma fatia de 32,9%
A metodologia estatística não muda nada na prática. A única diferença é em termos de percepção. Os EUA não serão mais fracos porque o Banco Mundial atualizou os dados de paridade de poder de compra. E esses novos números, não serão uma verdade indiscutível. De qualquer forma, a mudança no ranking de maiores economias era uma questão de tempo. E, no ritmo atual, a Índia também vai passar os EUA. Os novos dados levam a economia indiana da 10ª para a 3ª posição no ranking global. China e Índia são economias de crescimento rápido e têm populações gigantescas. Demografia e crescimento rápido, cedo ou tarde, ordenam a produção.
Os novos números não significam que a China agora é rica. Seus padrões de vida estão muitas décadas atrás do que é experimentado pelos EUA - e quanto mais os dois países se aproximam, mais difícil é para os chineses manter o rápido crescimento. Enquanto a produção em termos agregados em vez de por renda per capita é a principal elemento de força militar e poder geopolítico, a supremacia tecnológica conta muito também, e nesses pontos, os EUA estão muito à frente.
A História, no entanto, vai considerar a superação dos EUA pela China como um marco. O mapa da economia global está mudando mais rapidamente do que se imaginava. Com isso, a dominação americana do mundo pode terminar antes do esperado. A necessidade de cooperação global em breve não será uma escolha ou algo que os EUA digam para animar seus amigos, mas um fato.
O quanto antes EUA e Europa, cujo peso está diminuindo ainda mais rapidamente, se conformarem com essa ideia, melhor. Um pequeno e rápido passo para iniciar isso são as reformas em instituições econômicas e políticas globais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, já que o novo mapa da produção mundial torna essa presunção de autoridade americana-europeia insuportável.
Os chineses poderão ver os novos valores como prelúdio de um retorno à normalidade: sua economia era a maior do mundo até 1890, quando os EUA superaram isso. Para os americanos e seus amigos na Europa, os novos rankings são um momento de reflexão. A preeminência econômica do Ocidente por um século, e os hábitos de pensamento e ação que surgiram daí, já não podem ser considerados como garantidos.
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