domingo, 28 de fevereiro de 2010

LINHA INTERNACIONAL DE DATA - 1ª e 3ª SÉRIE

O LUGAR ONDE O CALENDÁRIO MUDA

Existe uma linha que corta o globo de pólo a pólo, onde a data dá um salto de um dia

Imagine que você resolva fazer uma viagem diferente no fim do ano: uma travessia pelo oceano Pacífico, a bordo de um transatlântico. Uma noite, no final do jantar, quando o navio está em mar aberto, o capitão anuncia: “Atenção, senhoras e senhores! É exatamente meia-noite de 30 de dezembro. Mas temos de levantar um brinde pelo réveillon já, porque a partir de agora entramos no dia 1º de janeiro”.

Como é possível passar por cima do dia 31? Os passageiros ficam intrigados. O que existe de diferente nesse pedaço de mundo?É como se, ali, num ponto qualquer, perdido em pleno mar, o tempo sofresse uma descontinuidade, e o dia pulasse, de repente, de 30 de dezembro para 1º de janeiro. O mais estranho de tudo é que a hora continua a mesma: meia-noite. Você saberia resolver esse enigma?

É que, exatamente à meia-noite de 30 de dezembro, o navio cruzava a Linha Internacional de Data. Essa linha corta o globo terrestre do pólo norte ao pólo sul, seguindo mais ou menos o meridiano de 180°, do lado oposto ao meridiano de Greenwuich, na Inglaterra. A partir de Greenwuich são acertados os relógios de todo o mundo, pelos fusos horários. A leste dele adianta-se uma hora, a cada 15 graus.

Só que, quando se chega à Linha Internacional de Data, muda-se não o relógio, mas a folhinha: a leste dela, voltamos 24 horas no tempo. Ou seja, quem atravessa essa linha de oeste para leste volta de hoje para ontem. Por quê? Para acertar as contas do calendário.

Veja a seguir o problema que teríamos, por exemplo, se apenas contássemos as horas, a cada fuso horário.

Suponha que é meia-noite do dia 30 de dezembro e você está em São Paulo (desconsidere o horário de verão) Se ligar para uma outra cidade, mais a leste, digamos a Cidade do Cabo, na África do Sul, vai ver que lá serão 4 horas da manhã do dia 31 de dezembro, porque a cidade fica a cinco fusos horários a leste. Quanto mais a leste você ligar, mais tarde será. No Japão já será meia-noite, e , no Havaí, 6 horas da tarde. Seguindo o mesmo raciocínio, no Peru seriam 23 horas, também do último dia do ano. Se continuasse nesse andamento, ao completar a volta ao mundo, você chegaria à conclusão de que seu vizinho de oeste já está na meia-noite do dia 31. Mas você continuaria no dia 30.

Para assinalar uma única data, é preciso fazer um acerto em algum ponto. Então, por convenção, diminui-se um dia quando se passa sobre a Linha Internacional de Data, de oeste para leste. Para evitar problemas no dia-a-dia das pessoas, a Linha Internacional de Data não segue exatamente o meridiano de 180°. Ela faz algumas curvas, desviando-se de ilhas e regiões em terra firme onde possam existir comunidades.

Veja um exemplo da confusão que reinaria numa cidade que fosse cortada pela Linha Internacional de Data, No caso de inflação alta, o cliente de um banco poderia ganhar um bom dinheiro apenas atravessando a rua. Bastaria fazer um depósito na agência bancária do lado leste da cidade e retirar o dinheiro imediatamente em outra agência, do lado oeste. Ele lucraria os juros de um dia em poucos minutos. E tem mais : os compromissos teriam de ser marcados levando em conta de que lado da cidade cada pessoa mora. Ou seja, todos teriam de manipular duas agendas.

MAPA FUSO HORÁRIO DO BRASIL - ENSINO MÉDIO

sábado, 27 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

EURO - 9º ANO

O euro, a nova moeda européia

Em primeiro de janeiro de 2002 ocorreu a verdadeira estréia do euro, a moeda unificada da União Europeia. Ele já existia como referência para os preços, mas nessa data virou uma moeda (dinheiro) de verdade, ou seja, começaram a circular as notas (de papel) e as moedas (de metal) do euro, que gradativamente começa a substituir as moedas nacionais( isto é, o marco alemão, o franco francês, a lira italiana, etc.) dos países que adotaram a nova moeda. Dos quinze membros existentes então na União Européia, três ficaram de fora da chamada “zona do euro”, isto é, não adotaram a nova moeda na ocasião: Reino Unido, Dinamarca e Suécia. Isso significa que o euro está sendo implantado em doze Estados-Nações: Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica, Países Baixos (Holanda), Luxemburgo, Irlanda, Finlândia,Grécia e Áustria – ele deverá substituir totalmente as moedas nacionais em prazos que variam de 6 meses a 2 anos, conforme o país.

Mas os Estados membros da União Europeia que ficaram de fora da “zona do euro” tendem a ingressar nela mais cedo ou mais tarde, pois vão realizar plebiscito (isto é, votações nas quais a população opta entre o sim e o não) nos próximos anos para decidir se e quando vão adotar a nova moeda.

Em janeiro de 2002, o valor do dólar em relação ao euro era de 1,25 (um dólar vale 1,25 euro). Mas a expectativa dos europeus é de que o euro se valorize perante o dólar nos próximos anos, embora isso vá depender do desempenho econômico dos países da União Europeia. Se a economia européia se recuperar e voltar a crescer em bom ritmo, certamente a sua moeda – o euro – ficará fortalecida. Mas, se ocorrer o contrário, se a economia européia ficar estagnada e a norte-americana voltar a crescer em ritmo intenso, então o oposto é que deverá acontecer, ou seja, o dólar vai se valorizar ainda mais.

As taxas de conversão das moedas nacionais para o euro variaram muito de um país para outro, em função do valor das suas antigas moedas nacionais: na Alemanha, por exemplo, que tinha uma moeda nacional (marco) extremamente valorizada, essa taxa foi de 1,955 ( um euro por 1,955 marcos), na França essa taxa foi de 6,55, na Espanha de 166,38 e na Itália de 1 936,27.

A criação do euro tem um significado especial neste início de século. Ele deverá competir com o dólar norte-americano e se tornar uma das duas divisas ou moedas fortes do mundo, aquelas que são aceitas por todos os países nas relações comerciais e constituem “reservas de valor”, isto é, moedas nas quais os governos confiam e que possuem – ou desejam possuir – em certa quantidade para saldar as suas dívidas ou os seus compromissos financeiros internacionais. O Banco Central da China, por exemplo, que possui uma das maiores reservas internacionais de divisas (US$ 205 bilhões), já manifestou a sua disposição de diversificar os seus ativos favorecendo o euro. Também outros países asiáticos importantes economicamente – o Japão, a Coréia do Sul e Taiwan – já manifestaram intenções semelhantes, ou seja, de comprar grandes quantidades de euro para diversificar as suas reservas de divisas. No Leste europeu, o euro já possui um forte poder de atração principalmente nos países que batem à porta da União Europeia (isto é, que pleiteiam ingressar nessa organização). Os seus respectivos bancos centrais deverão adquirir euros para constituir ou ampliar as suas reservas.

( Real Junior, Euro teve estreia bem sucedida)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

DOIS PESOS DUAS MEDIDAS

Contraste é o que não falta no Brasil. E quando a discussão chega à balança, não é diferente. (...) Brasileiros, abaixo da própria linha da miséria, ainda morrem de fome. Outros têm de conviver com a anemia. Cada vez mais, aumenta o número de pessoas que chegam aos hospitais vítimas de problemas resultantes do excesso de peso.

Os distúrbios alimentares (como a anorexia e a bulimia), classificados como doenças psiquiátricas, também chamam a atenção, porque, além de definhar cada vez mais jovens e já fazer estragos entre crianças, mostram a pressão do que se convencionou chamar de “ditadura da moda” na vida das pessoas. Atinge não só a classe média, mas as meninas da periferia. O tratamento é longo e caro, e o serviço público de saúde não dá conta do aumento da demanda. Situação semelhante ocorre com os outros problemas nutricionais: existe desinformação e faltam vagas no atendimento gratuito.

(...) Em novembro de 2006, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que metade dos

Trabalhadores da indústria nacional (49,7%) está acima do peso ideal e 26,3% deles têm problema de hipertensão arterial. No dia seguinte, o instituto de pesquisas LatinPanel, ligado ao Ibope, informou que, segundo levantamento em 8,2 mil domicílios, 29%têm como expectativa para 2007 aumentar os gastos com alimentos e mercadoria.

O brasileiro quer comer mais. Até aí não se trata apenas de um direito, mas de uma necessidade. A questão é o que ele quer colocar para dentro da boca. A resposta está nas prateleiras de supermercados, abarrotados de alimentos a base de muito açúcar e de muita gordura. “Os sinais da vida moderna não estão apenas na casa de quem tem melhor poder aquisitivo. O acesso aos alimentos hoje é para todos. E nas comunidades carentes, apesar da pobreza, o que se vê é a substituição do suco pelo refrigerante e do arroz com feijão pelo macarrão instantâneo, relata Zilda Arns, presidente da Pastoral da Criança, que defende a adoção de programas nacionais de educação alimentar. “A segurança alimentar tem de ser um valor cultural da população.”

Os números comprovam o que a médica Zilda vê na prática. Pesquisa feita entre 1974 e 1975 mostrava um consumo per capita de arroz de 31,571 quilos, enquanto entre 2002 e 2003, esse volume caiu para 17,110 quilos. No caso dos alimentos preparados, o movimento foi no sentido contrário: subiu de 1,706 quilo para 5,398 quilos.

A desnutrição, por sua vez, ainda causa milhares de óbitos no país. Estima-se que pelo menos metade das mortes de crianças com até 5 anos – foram 88 mil em 2005 – tenha como causa a desnutrição. Na média, uma criança brasileira morre a cada 12 minutos porque não tem como se alimentar. A Organização Mundial da Saúde, em 1995, divulgou uma pesquisa, feita em 53 países, segundo a qual a subnutrição contribui em 56% de todas as mortes de crianças.

(...) Quando não mata, a falta de alimento limita o desenvolvimento físico e intelectual. As vítimas têm perfis variados. São crianças, idosos, de centros urbanos e de periferias. Há tempos o problema também faz parte da vida das comunidades indígenas.

Nas áreas de atuação da Pastoral da Criança, Alagoas foi o estado com mais crianças desnutridas no ano passado, com 6,5%. Na outra ponta ficou o Panamá, com 1,8%. Na comparação entre 2004 e 2005, o Amapá teve o maior crescimento de ocorrências acompanhadas pela pastoral: 47,8%.

Entre os adultos, os problemas relacionados à segurança alimentar não são diferentes. A Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita pelo IBGE entre 2002 e 2003, constatou a seguinte realidade na população com 20 anos ou mais: 2,8% dos homens têm déficit de peso, 41,1% sofrem de excesso de peso e 8,9% são obesos. Entre as mulheres, o estudo mostrou 5,2% com problema de baixo peso, 40% com sobrepeso e 13,1% vítimas da obesidade.

Outro problema, chamado de fome oculta, também tem preocupado os envolvidos com a saúde pública, como explica Halim Girade, oficial de projetos do Unicef, e pode estar escondido entre anêmicos e obesos, sem distinção. Segundo o especialista, a fome oculta é resultado da falta de três micronutrientes: ferro, vitamina A e iodo. Sem ferro, a criança fica anêmica, não consegue interagir socialmente e apresenta dificuldade motora. A ausência de vitamina A compromete a imunodeficiência. Já a insuficiência do iodo resulta em deficiência mental. “É o paradoxo brasileiro. Um não engorda porque não tem. O outro não engorda porque não quer”, avalia Girade. (Revista Carta Capital).